segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Morte.


Hoje passei a noite insone velando.
Estou de luto, mas não é um luto comum, por que não tem “matéria”, nem enterro tangível.
É uma dessas horas em que as pessoas abraçam você, dizem que foi melhor assim, que vai passar, mas NÃO vai, e você sabe disso.
Quando alguém que se ama morre choramos, ficamos tristes, por que sabemos que é irremediável, que nunca mais veremos aquela pessoa, mas é um fator natural da vida, sabemos que todos irão morrer um dia.
Mas e agora, quando morreu o Amor, a cumplicidade, nunca mais se vai ver a pessoa amada, apesar de saber que ela está em algum lugar, e provavelmente com outro alguém?
Essa é uma dor infinitamente maior que a dor da morte, por que não é uma regra da vida.
E assim o nunca mais da morte se funde com o nunca mais da vida, a perda se torna tão irremediável quanto, mas a dor é mais profunda, pelo fato de tudo que poderia ter sido, de não ser inevitável como.
Mas é irremediável sim, por que não se tem, e provavelmente nunca mais se terá.
E a dor da ausência pode ser ainda maior quando de relance aquele vulto passar, quando o telefone chamar desesperado e do outro lado não encontrar ninguém.
E a cama fica extremamente grande, dura, vazia, o teto parece querer te dizer algo, mas fica numa acusação muda onde seu branco parece infinito, assim como a noite que passa rastejante.
É possível mil e uma conversas com as paredes, colo da melhor amiga, caixas e mais caixas de Prozac, mas nada, nunca, vai se comparar á ouvir aquela voz, um olhar, ou o toque de quem tanto se ama sem retorno.
E finalmente, junto com os primeiros raios de sol do novo dia vem a conclusão lúgubre de que VOCÊ morreu, uma das tuas certezas, e chega àquela necessidade de se despedir da fraqueza que te fez desejar, e da alma vêm a força para sair.

Um comentário:

  1. Re... lindoo texto... engraçado como veio a calhar perfeitamente neste momento da minha vida...
    Também estou num momento de luto por amor!
    É amiga, temos que viver o luto, e tentar vencê-lo, e não deixar ele nos abater...
    Mas como diz o meu psicólogo, temos sim que reconhecer o luto, vivenciá-lo e depois vencê-lo.. Afinal é o ciclo, é a vida... NADA dura pra sempre, E digo mais, às vezes nem sempre o que achamos que era o melhor para nós, REALMENTE era o melhor.. hehehehe
    Te adoro mtoooo Re... E continua escrevendo lindos textos como este..
    Um beijão

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