domingo, 20 de fevereiro de 2011

A Banalização dos sentimentos.


Hoje á tarde eu fui ao açougue, abri meu melhor sorriso, e com os olhos brilhando, falei:
"Eu te amo moço!
Por favor me vê um quilo de coração, pega dos mais vermelhinhos, acho que dá pra levar uns dois não?”
Ele pesou, realmente deram dois corações, que ele colou a etiqueta de preço, paguei no caixa e retirei no balcão.
Comprei, agora só pensar no que fazer com eles.
Tinha ainda um *em uso*, e comecei á pensar em como me desfazer dele, já que acabara  de adquirir dois “fresquinhos”.
Parece uma cena horripilante de se pensar, eu te amo pro balconista, corações em bandeijas.
Mas é exatamente isso que eu tenho visto acontecer por aí, no dia á dia, claro que de uma forma não tão *Twilight Zone*, mas não muito longe disso.
Quanto mais pessoas conheço, quanto mais vivo e convivo, mais gosto dos meus gatos.
As pessoas andam me dando asco.
Cada dia que passa são mais relacionamentos terminando, começando, rolando.
Hoje á noite mesmo estava no M S N com algumas amigas, e enquanto A. me contava que estava mal por ter chego ao fim de um relacionamento de 4 anos escutando um simples “não te amo mais”, R. me dizia que queria muito viver uma história de amor como as do *Fantástico.
Pra 1° respondi que ela deveria cometer assassinato, e pra segunda que era melhor rever o roteiro, por que vacas sempre estragam o final acabando com tudo.
Se minha vida virasse filme, com certeza seria roteiro mexicano, dirigido por um coreano, ou seja, teria muito drama, choradeira, uma gritaria infernal, elenco imenso e final abrupto inexplicável.
Após lembrar á mim mesma e á amiguinha de como funciona a lei do vazio, cheguei ao ponto crucial: Amor hoje em dia só em comercial de 12 de Junho, pra fazer o comércio vender.
Não que eu não acredite que exista amor verdadeiro, claro que existe, eu já senti, já tive, então sou testemunha da sua veracidade, mas o que aconteceu?
São os tempos modernos?
Sorrio cada vez que vejo dois velhinhos na rua, um cuidando do outro, comemorando bodas de ouro, diamante...
Hoje em dia já inventaram a boda de papel, só pra não dizer que não se comemoram bodas, pelo menos no papel / papelão alguns chegam.
Não sei se com a modernidade, a liberalidade, corpos expostos na mídia, o TESÃO passou á ser superior ao AMOR.
Eu já disse {TE AMO} para duas mulheres que passaram pela minha vida.
E disse por que amava mesmo, tinha certeza disso, tanta certeza que é confirmada pelo fato do sentimento ainda estar aqui.
(Que me perdoe Vínicius de Moraes, mas se quer algo infinito enquanto dure, que vá para as Casas Bahia comprar móveis!)
Agora, com uma ou duas semanas de namoro, já ta amando???
Que BullShitagem é essa???
Será que dizem e não sentem, ou julgam que sentem, e na verdade não sentem?
Prefiro acreditar na segunda opção, para ainda manter uma réstia de fé que nem toda humanidade é banal.
A questão é que são tantos os sentimentos!
Existe o Amor, a Paixão, o Desejo, o Carinho...
Será que por causa de tanta tecnologia, o sentir ficou realmente fora de moda, e ninguém mais se dá ao trabalho de perder tempo para analisar o que sente?
Deixo aqui bem clara a minha indignação contra essa maneira de agir, porque não se deve dizer  apaixonada pra agradar a Joaninha e leva-la pra cama.
O Tesão se encarrega disso.
Se ela te deu flores e te chamou de Amor, ótimo, é lindo, mas não é motivo pra você dizer EU TE AMO.
Já cansei de ouvir Eu Te Amo na minha vida e ficar quieta, por não ter certeza de o que eu realmente sentia.
E olha que não era romance não, era assunto de família.
Tem dois tipos de pessoas me lendo agora, VOCÊ, que provavelmente está chorando e pensando, ela está certa, não se faz isso, não é certo iludir e brincar com sentimentos alheios.
E você, que eu não sei o que tem na cabeça, (ou o que falta dentro do peito), que de tão moderninha, deixa o clitóris tomar a dianteira e sai amando todo mundo.
Qualquer uma das opções, *você* tem um coração, e nunca deve se esquecer disso.
Não importa sua idade, raça, língua ou tribo.

WHAT GOES AROUND, COMES AROUND.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Lambrusco



Hoje foi dia.
Dia de ser feliz.
Dia de cuidar de mim.
Acordei em pleno meio de manhã, com um sorriso que tenho certeza que veio do encontro noturno com alguma divindade.
Certeza, por que acordei meio Walkyria, montando num cavalo imaginário e guerreando bravamente.
Por que é pra isso que vivemos, para constantes guerras, guerras por tréguas, guerras por Amor, guerras internas.
A minha luta tem sido todos os dias, para me lembrar de uma frase que sempre disse, e que agora sussurro para mim mesma todas as manhãs:
Você é uma titã.
E sim, vou linda e imensa passando as pernas de meia arrastão por cima de todos os momentos ruins, evitando pisar em certas lembranças, por precaução, para não prender no salto.
Eu ando sorrindo, balançando a cabeça e concordando com tudo que andam dizendo.
Tanto faz se dizem que dormi com a selvagem, que vou achar alguém ali na esquina, que deveria não usar o cabelo tão vermelho.
Eu só sorrio e concordo, sem nem me empenhar em escutar, porque se for realmente prestar atenção...
Fora que estou beeeem grandinha para pessoas se intrometendo na minha vida, em assuntos que são meus, e dos quais não abro mão.
É um momento autoconhecimento, que demorou pra começar e não tem previsão de fim, que não quero que acabe;
Se conhecer é algo que todas deveriam fazer antes de tentar jogar no mundo a sua marca.
E eu digo isso, com a certeza do pouco que já sei de mim.
Até ontem nem mesmo sabia que um momento simples, uma constatação feita numa pequena brecha de lucidez,
tem a capacidade de mudar um rumo,
como se fosse possível em um minuto passar uma camada de brilho de secagem rápida sobre a vida.
Isso tudo, simplesmente, porque tem muito AMANHÃ.
Pra que sofrer de náusea, arrastar atrás de si tudo aquilo que na verdade é só resto?
Resto de parede descascada, de calça suja de barro, de horas de telefone, de promessas não cumpridas?
Joguei tudo fora, coloquei num saco e joguei na calçada pro lixeiro levar.
E quando o saco sumiu, eu pude até sentir o cheiro do meu antigo perfume, aquele, que eu usava sempre em uma ou duas noites de Sábado.
O lado ruim de ser muito grande é ter que se apertar em espaços para caber.
É quando aquela mulher que você queria tanto que encaixasse, te mostra que foi mais um erro e tenta de podar pra poder colar.
Porra, se tem que caber*, quer o básico, compra um Bonsai.
Ou abre o catalogo do orkut, escolhe um modelo básico e incrementa, joga umas idéias, presenteia com uns livros.
É MUITO mais FÁCIL do que me cortar.
Só aceito cortes se for pra fundir, misturar, fazer um enxerto.
Assim, me dou o direito de SER.
E nesta noite em particular,
 Sou Lambrusco Grasparossa di Castelvetro.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Mendicância e masoquismo sentimental



A fulaninha acaba o relacionamento com você, te dá pelo menos uns três motivos, diz o quanto te acha maravilhosa, o quanto te ama, mas que por vocês duas é necessário terminar.
(Mentira, mentira, mentira, muito provavelmente ela encontrou alguém que prometeu ser melhor de cama que você, e ela decidiu experimentar).
Claro, que em como todo final de relacionamento, (salvo raras exceções), um dos lados sai muito machucado.
Provavelmente é você, quem tomou o pé na bunda e está se perguntando pela milésima vez o porquê.
Essa é uma das situações que de tanto darmos o ombro pra amigas, ver acontecer em filmes, lermos nos romances, deveríamos saber que invariavelmente vamos passar na vida, no mínimo uma vez (se for sortuda), sabe-se lá quantas ao longo dela.
Dói? É claro que dói, que você vai sofrer, se machucar, chorar, querer morrer...Mas o que realmente importa, é que você tem que saber a hora de parar.
O cumulo do masoquismo, é o masoquismo sentimental.
Se cortar inteira e ficar sangrando, sentindo o coração despejando sangue aos borbotões, vai te trazer uma hemorragia invisível que pode virar câncer.
Durante um tempo achei, minha cara amiga, que só existia o masoquismo carnal, aquele dos fetiches, mas há também quem fique se matando, num discursinho infindável do Mea-culpa, eu farei isto, farei aquilo, e rastejando em volta de joelhos.
Pra que correr atrás de quem te é indiferente?
A verdade é que isso é patético.
Mas isso nada mais é do que uma questão de escolha.
Escolha de se prender em um relacionamento em que você vai estar sempre só.
Existe quem escolhe relacionamento assim, pelo grau de dificuldade, só pra ficar se torturando.
Escolhe namorar justo aquela mulher cafajeste, vai logo pela fama de que ela é boua e se baseando pelo que já ouviu comentarem ou pela faminha OUT.
VAI.
Vai quebrar a cara, se isso te faz feliz.
Se você escolhe pelo quesito mentira então... se prepara.
Se a dita é fofoqueira, inventa da vida dos outros, aumenta tudo, imagina o que vai aumentar na tua testa!
Tanto a versão real, ao vivo e á cores, quanto versão ultra-moderna-namoro-virtual.
Geralmente namoro virtual é aquela coisa do amor sublimado platônico, líiiindooo, e dos mais masocas também.
Nesse você vai sofrer desde o inicio, com conta de telefone, conexão lenta de Internet, orkut deletado, fora as Maria-nerds que SEMPRE deixam scraps tendenciosos na pagina da TUA mulher.
(E óbvio,você vai acreditar quando ela te disser que é só amiguinha fofinha que gosta do perfil...).
Como já disse antes, tudo é uma questão de escolha.
Você tem a opção Luka: Tô nem aí, pode ficar com teu mundinho...
A opção de realmente ficar aí amargando, sofrendo e masocando.
E a minha opção favorita: Depressão alternativa!
Enche a cara de chocolate, escolhe o melhor salto (ou allStar se você é sapatão), compra uma roupa linda e vai pra balada.
Nada como assassinar alguém que te faz mal ao som de Alone, deixando o refrão te invadir.
Dia seguinte bota um óculos escuro, reúne umas amigas, pega todas as lembranças infernais que podem te ferir e faz um funeral, depois exorcisa tomando absinto, vai ver a fada verde, e bebe BEM pela defunta!
Só não vale uma semana depois entrar na fase carente, e se meter na mendicância sentimental.
Sair por aí pedindo “preciso ser amada”, só vai te jogar no lodo de um novo relacionamento já fadado ao fracasso.
Ninguém nunca me pediu “me ame”, e nem por isso eu amei menos.
Claro que sim, você tem todo direito de querer um novo Amor, acho que até mesmo é teu dever de ter,
 mas nada de ficar esmolando Amor.
Querer quem nos quer.
Por que outro cumulo é ficar pedindo: vêm!  pra quem não quer estar lá;
Esmolar sentimento consegue ser ainda mais aversivo do que o masoquismo.
Implorar por migalhas de relacionamento e ir se jogando de colo em colo é degradante.
Nessas horas a lei da atração só vai te trazer os restos.
Restos de pessoas falidas, de corações amargurados,
escória que você vai abraçar como tábua de salvação,  mas que na verdade só vai te servir pra afastar da terra firme de quem realmente vale a pena.
Por tudo isso, e principalmente por sí mesma, se você se identificou em alguma parte desse texto, tá mais do que na hora de dar mais atenção á quem realmente merece: VOCÊ MESMA!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Escrava



Escrava
De cabeça baixa,aguarda sem me olhar
Sua  mutez  me embala
Ao tocar-te estremece meu corpo
Aflora o meu desejo mais louco

Lhe puxo pelo cabelo,
Acaricio teu seio
O tapa ecoa
E o cheiro do desejo flutua pelo ar
A coleira lhe adorna o pescoço
O brilho do aço, ofuscado
A pele branca contra o negro solo
Escrava, criança cativa, protegida

 
Obedeces aos meus desejos,
Implora sorrindo por meus castigos
Seu ser grita em silêncio
Pelo chicote a estalar

Ostentas as marcas como troféu
Agradeces com voz meiga
E beijos doces como o mel
Ao seu lado sou senhora
Soberana e plena
As algemas libertando a alma
Á contorcer-se imploras
Trago-a para perto
Causando dor lhe trago o gozo
E assim, exausta
Com lágrimas nos olhos,me olha
Em agradecimento e devoção.