domingo, 29 de maio de 2011

Sinal de Adeus

Se partiu, estilhaçou dentro dela, e os estilhaços formaram gotas dágua salgada, que escorreram pelo rosto demonstrando toda a dor que ela sentia.
Aquele era o ponto final, definitivo, intimidante e indiferente ao que causava.
A dor dentro do peito atingiu o ápice, e depois foi abrandando, devagarinho, atestando a morte. A causa? Foi medo. O Amor tropeçou na imaturidade que acompanhava o silêncio, que por sua vez era parceiro do desespero, e essa turma não perdoou o erro.
A paixão começou a esfriar, e a pressão começou a diminuir. Ela levantou e lavou o rosto em sinal de despedida, o brilho no olhar indicava as lágrimas contidas, a mão tremula não se sabia se era pelo frio que a tomava de assalto, ou do nervoso de assumir o fracasso.
O céu nublado combinava com sua alma, e o vento fez bater em seu rosto uma semente.
Determinação.
Agarrou aquela promessa como se sua vida dependesse disso, (sabia que dependia!), e rumou correndo para o jardim do amanhã.
Adubou com esperança, regou com certezas e cercou com carinho.
Lavou o rosto novamente, desta vez renovada.
Hidratou o rosto, maqueou-se com apuro simples e sorriu.
Uma fresta na neblina anunciava a mudança do tempo.
Ela tinha urgência de SER.

domingo, 22 de maio de 2011

Rebuceteio, barebacking lésbico


Cada dia que passa mais me impressiono com o fato de como a vida toma rumos não desejados, por pura escolha consciente.
Ao contrário das mulheres heteros, o meio lésbico é um ovo, onde é muito fácil todas se conhecerem e tornarem o rebuceteio a coisa mais comum (e nojenta!) do cotidiano.
É um tal de Ana que casou com Paula que era amiga intima da Andréia que namorava a Charlotte que foi o 1° amor adivinha de quem???Isso mesmo, da Ana.
Não sou adepta de rótulos, amo tudo que envolve perversão, adrenalina, jogos apimentados, mas também acredito que é necessário sempre o bom senso, e que como em todos os jogos de adultos o sexo sem compromisso deve seguir as regras do BDSM: São, seguro e consensual.
Sexo é sempre uma delicia, e como seres instintivos que somos faz parte da nossa natureza.
Tesão, ferômonios no ar, arrepio na pele, líquido nas coxas.
Delírio.
Transgressão.
Mas nunca válvula de escape.
Sair por sair, sexo por sexo sem nem ao menos hedonismo, é o mesmo que voltar á ser criança e querer fumar só pra mostrar que pode.
Sim, você pode, eu posso, nós mulheres temos o direito á usar o nosso corpo da forma que desejarmos, só resta saber se você realmente o faz por desejo ou num momento infantilidade, birrando consigo mesma.
É realmente isso que vai te fazer feliz? Uma quilometragem mais que ultrapassada de BR rodada?
Ando vendo mais e mais mulheres se tratando como lixo, e depois reclamando que não são valorizadas, que as mulheres com quem se encontram são insensíveis e não sabem cuidar, cortejar, demonstrar interesse.
Desculpa meu bem, mas isso é o que acontece com carne de segunda.
Você vai servir para matar uma fome, mas nunca para ser importante e ocupar pensamentos.
Muito mais perigoso do que o barebacking consciente é se jogar no sexo por impulso,
pois a faminha OUT  ou a cara de que tem pegada podem esconder muitas outras coisas que não valem por uma noite.
Deixo pra você uma dica: Sapa, também dá sapinho. Ou coisa pior.
 E nisso, sou antiquada mesmo, gosto sim de mulher puta, que geme, que jorra, que sai marcada de mim e com a cabeça zonza, mas que saiba se dar ao respeito e assim seja por que encontrou a SUA mulher.
Respeito acima de tudo, e só quem segue essa regra de forma íntima pode fazer cobranças.
Se tua fila voa, o troca-troca de bocas e a experiência no “curriculo” são os números que realmente importam na sua vida, VAI.
Só não reclame quando ninguém quiser que você fique.

domingo, 1 de maio de 2011

Antropofágica


Tem horas em que tenho medo de mim mesma.
Medo dos meus desejos.
Medo porque vêm coisas absurdas da minha mente, como o desejo de devorar um pedaço de alguém.
Mas não de um alguém qualquer, um alguém que habita meus pensamentos de forma quase existencial.
Um alguém que só de me lembrar me molha, e que por se manter quase como uma consciência, mantem-me molhada constantemente.
Quando me deito pra dormir muitas vezes é esse meu ultimo pensamento, deglutir-lhe a alma, e absorver cada parte dela em mim mesma.
E assim é quando acordo, quase sempre com seu gosto nos lábios.
Coisas certas, coisas humanas, essas nunca conseguem solucionar nada.
Sempre acordo com os cabelos ruivos colados na testa, e com meu desejo latejante provando minha incompletude.
E então novamente vou e invado, e tomo e ordeno que se derrame sobre mim, peço que se abra e se perca. 
No meio desse desejo, da mal controlada fome, te mastigo dentro de mim, enquanto com falsa paixão, de forma lenta e cadenciada me faz crer que veio para ficar, mas dizendo de muitas formas nunca claras o suficiente, em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar.
E é isso que muito me interessa.
Meu prazer se encontra em te prender e virar sua cabeça, em provar que não tenho que fazer nada além de apenas ser, de jogar num canto, lamber atrás da orelha, prensar minha coxa entre as pernas, e esperar o pedido rouco e leve de “me invade”.
E me queres assim porque é assim que és.