quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Insensatez


Não sei quem é esta que veste meu corpo e caminha por aí
Insana figura, devassa, ressentida, pálida e desvanecida!
Ela é altiva, de uma tibieza descomunal.
Passa com graça, requebrando as ancas, flagelando almas cândidas
Quem é aquela que sorri em debique,
Encorpora meus gestos, desperdiça meus protestos e permeia noites sem fim...

Tomou-me o lugar lícito, ludibriou minhas verdades
Tornou meus sentimentos somente em vaidades,
Desalmada criatura, sem nexo nem convexo, aprisionou-me a essência
Burlou minhas regras
Exibiu minhas vísceras e eximiu-se da culpa.
Tornou tudo insólito, fez de mim uma vestimenta,
Fez tormentosa a existência!

Tornou-me uma quimera
Fez da vida sempre espera
Transformou rosa em espinhos,
O afago de ontem em escarninho.
Como é possível ainda sorrires?
Será que a neblina do ódio tolda-lhe os olhos?
De que vale a existência de tão inescrupulosa criatura?
Corroída pela doença, enferma em eterna agonia,
Banhada em rios de inveja,
Infectada pelo ciúme,
Motivada pela ira
Seviciada eternamente
Eternamente atormentada.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Morte.


Hoje passei a noite insone velando.
Estou de luto, mas não é um luto comum, por que não tem “matéria”, nem enterro tangível.
É uma dessas horas em que as pessoas abraçam você, dizem que foi melhor assim, que vai passar, mas NÃO vai, e você sabe disso.
Quando alguém que se ama morre choramos, ficamos tristes, por que sabemos que é irremediável, que nunca mais veremos aquela pessoa, mas é um fator natural da vida, sabemos que todos irão morrer um dia.
Mas e agora, quando morreu o Amor, a cumplicidade, nunca mais se vai ver a pessoa amada, apesar de saber que ela está em algum lugar, e provavelmente com outro alguém?
Essa é uma dor infinitamente maior que a dor da morte, por que não é uma regra da vida.
E assim o nunca mais da morte se funde com o nunca mais da vida, a perda se torna tão irremediável quanto, mas a dor é mais profunda, pelo fato de tudo que poderia ter sido, de não ser inevitável como.
Mas é irremediável sim, por que não se tem, e provavelmente nunca mais se terá.
E a dor da ausência pode ser ainda maior quando de relance aquele vulto passar, quando o telefone chamar desesperado e do outro lado não encontrar ninguém.
E a cama fica extremamente grande, dura, vazia, o teto parece querer te dizer algo, mas fica numa acusação muda onde seu branco parece infinito, assim como a noite que passa rastejante.
É possível mil e uma conversas com as paredes, colo da melhor amiga, caixas e mais caixas de Prozac, mas nada, nunca, vai se comparar á ouvir aquela voz, um olhar, ou o toque de quem tanto se ama sem retorno.
E finalmente, junto com os primeiros raios de sol do novo dia vem a conclusão lúgubre de que VOCÊ morreu, uma das tuas certezas, e chega àquela necessidade de se despedir da fraqueza que te fez desejar, e da alma vêm a força para sair.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Clitóris, Arma de Guerra!




A mulher sempre foi o ser intrigante, fascinante, com pele macia e palavras doces e fortes.
É inegável o poder de uma mulher.
Essa força existe desde sempre, em todas, através de todos os tempos
Cresce amada, sempre seguida por alguém que a segura e teima em mantê-la sob controle, por não alcançar entendimento sobre sua capacidade intrínseca de ser incontrolável, indômita.
Progride ganhando espaço junto a tudo que tenta vitimá-la, submetê-la e subjugá-la.
Diante de todas as adversidades é guiada por seu instinto, forjando cada vez mais sua alma, e o mistério de mulher faz envolver por séculos pensadores, cientistas, poetas, e os mais variados sonhadores.
Olhar profundamente nos olhos de uma é flertar com o perigo, é o desejar inconsciente de ser apossada pelo desejo *DELA*, tomada como instrumento e objeto de perversão, e assim também possui-la.
E é esse ser quem detém o poder supremo, escondido em uma pequena
protuberância anatômica, macia, carnuda, capaz de despertar frenesis, selar a paz, causar discórdia.
O clitóris é a mais eficaz das armas, arma de sedução, arma da volúpia, capaz de fazer fraquejar as pernas, e através de um gozo ilimitado e devorador fazer nascer paixões.
Na guerra do amor ele é insuperável, seja no unir duas vulvas, no latejar ao encontro macio com a boca, ou ao toque suave dos dedos.
E eu reverencio a mulher clitoriana, que tira das entranhas a força para desejar, para seduzir e guerrear.
Guerrear seja por seus direitos, pela paz ou pelo amor.


Namaskar! नमस्ते

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sem Titulo.




Hoje eu estou enlouquecendo.Pirando mesmo.E que eu quero mais é insandecer, por que a vida de quem é *são*, é insonsa e causa indigestão.


Eu hoje quero divagar, sentir, jorrar.


Queria que a lembrança criasse vida e forma, se materializasse na minha frente oferecendo a pele para ser marcada de arranhões e mordidas, e pedindo mais de forma bem sacana.


E me mordendo também.


Precisava da certeza de que não sou a única á necessitar de mais, de ter o sangue correndo como lava e o desejo pulsando de forma enlouquecedora entre as pernas e na alma.


É intrinseco em mim.


Eu não aceito mesmo a subordinação, a necessidade que os outros tem de impor, a sociedade e códigos de conduta.


Eu *SOU*, exatamente tudo aquilo que gostaria de TER.


Vivo pelas minhas regras, imponho a minha vontade, e quem não aguenta ou não quer, tem total liberdade de ir.


Eu não falo alto, não dou escandalo, sou aquela que posso ir desde á casa dos pais até no puteiro da Augusta, femme tanto no jantar quanto *jantando*, e não vejo pecado nisso.


Pecado é negar o que fomos criados para fazer.


Desfragmentando e comissurando.


Hoje só tenho duas certezas: Quem sou, e que o clitóris é uma arma de guerra.

sábado, 4 de dezembro de 2010

CIO


Sabe quando bate aquela vontade, aquela fome, aquele desejo?
Isso é o que acontece quando você tem AQUELA mulher, de formas voluptuosas, pernas desenhadas, lábios carnudos e jeito libertino.
Quando acontece o desejo entre duas femmes, o cheiro agridoce se instaura no ar, e uma dança começa, embalada pelos sons de respirações ofegantes e estimulada por vúlvas úmidas.
É o momento enlouquecedor do CIO, tão embriagante quanto o vinho feito das melhores uvas já cultivadas, e com sabor encorpado e doce.Os corpos se misturam e o desejo aumenta, as línguas dançando, brincando, explorando, o desejo gotejando por cada poro enquanto o calor escorre entre pernas que se entrelaçam buscando mais e mais contato.
Os cabelos longos se enroscam entre os dedos dela, que me puxa para mergulhar em seu sexo, e entre devorar e ser devorada nos perdemos entre gemidos e explosões de êxtase, luxúria e saciedade.
QUIMICA.
E entre braços e pernas já não se sabe onde começa, onde tudo termina, mas basta um olhar, ou suas unhas de leve na minha virilha para despertar a sede, e quanto mais molhada ela mais sedenta fico, e entre geografias excitadas, as fendas úmidas, os seios túrgidos recomeçam a subir e descer unidos, entre um arfar e outro.
E é assim, um aguçar de todos os sentidos, uma dança animal, o desejo absurdo, e o recomeço de tudo para de outra forma chegar ao mesmo final maravilhoso.
CIO
Assim como com os animais, intenso, vital, instintivo.A diferença está na vez em que tudo acontece com calma, carinhos, toques beijos, sexo.
Ou entre simplesmente não agüentar a espera, rasgar sua roupa e foder maravilhosamente por horas á fio, de todas as posições e no dia seguinte estar extremamente disposta sem ter dormido mais do que duas horas.
Ou ainda quando a mão dela “escorrega” entre minhas pernas enquanto estou sentada em seu colo, corada e excitada de tanto me esfregar NELA no canto escuro da pista.
Mas o que realmente difere, é que não tem data, hora, período. É sim inevitável e urgente.
E eu sei, que você que me lê também deseja isso.
Talvez o desejar sincero, de quem espera a oportunidade.
Ou aquele inconsciente, de quem reprova por que nunca experimentou e nem terá coragem.
E eu te digo, com toda a certeza, NADA se compara á uma mulher que tem CIO.
Palavra de quem É puro instinto.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Tudo, menos vc.


Sabe qual a qualidade que eu mais odeio numa pessoa?
A inocência.
ODEIO pessoas que não tem culpa de nada, que se acham sempre certas, incólumes de toda e qualquer situação.
Não importa se você fez sem intenção, se algo te levou á isso ou se foi inconsciente, a questão é que você fez.
O dia-á-dia hoje é o grande culpado da maioria das situações.
A sociedade idem.
Você precisa trabalhar, fazer academia, curso, dar atenção para os amigos...E quando te sobra tempo para viver?
Quando você pára pra escutar os seus desejos? Seus sentimentos?
A porra é empurrar com a barriga, deixar tudo seguindo no mais ou menos, o comodismo.
Pior ainda se você tem alguém, e envolve a pessoa nesse ciclo.
Presentear não vai acabar com uma mágoa, não vai substituir uma falta de carinho.
Muitas pessoas preferem a destruição através de um elogio, a serem salvas por uma crítica construtiva, resolver a situação com uma discussão.
Só para te informar, a grande maioria das pessoas não tem bola de cristal, não são capazes de adivinhar o que você espera, á menos que você verbalize.
Se você quer açúcar ao invés de adoçante, se uma flor te tange mais do que um carinho na nuca, se você quer ir pra vibe ao invés de ficar em casa, escolha, opte!
Mas não deixe sua vida na mão de outra pessoa sem dar sinais esperando que ela acerte, e não se faça de inocente quando tudo naufragar.
Cada escolha, cada ato, tem uma conseqüência, e tudo está interligado.
Omitir um fato não faz com que ele desapareça, e o que poderia ser corrigido com uma boa conversa pode se transformar numa grande mentira, e quebrar algo de forma irreparável.
Deixar para se expressar quando tudo está perdido, na hora de sair para o trabalho ou ir na aula, só vai trazer desconforto e dissabor. Não espere!
Não deixe o que te incomoda fermentar dentro de você, vomite, coloque para fora, esclareça!
Mesmo que acredite que isso vá machucar.
E também saiba ouvir. Não julgue os sentimentos alheios, não bata de frente com quem te ama, tente sempre se colocar no lugar, e sentir.
A vida é como um papel, se você escreve e apaga, ainda assim a marca vai continuar, se você amassa, nunca mais vai voltar ao que era.

domingo, 28 de novembro de 2010

Doação


Depois de uma noite em que remédios pra dormir não fizeram efeito, nada me deixa doce.
Pior que insônia só quando tudo sobe pra cabeça e ela parece que quer estourar.
O inferno é aqui, meu inferno particular. A sorte é que de todos os demônios, o meu usa micro saia de vinil, saltos alfinete cromados e carrega um verme vermelho nas entranhas.
Só acredito numa pessoa depois de ver o verme dela.
Realmente sou intensa demais, vivo demais.
Se é pra rir, vou gargalhar, aquela gargalhada gostosa.
Se é pra chorar, vai ser pra resolver, até desidratar e perder o ar.
E sabe por quê?
Porque comigo não tem meio termo.
Se você quer o meio termo, pega essas butchs que ficam em cima do muro.
Contenta-te com o cabelinho curto e o “papel de marido”. E dê graças á Freya e todas as Deusas que o tempo da brilhantina já passou.
Eu sou puro instinto e feminilidade, sou passional, ciumenta, jogo coisas, arranho.
Meu perfume é de femme, tenho TPM.
Tenho minhas crises sim, minha bílis me deixa azeda e me torna mais racional.
Se você quer lidar com MULHER, tem que estar pronta pra isso. Já pra se envolver comigo tem que estar pronta pra TUDO.
Cansada dessa gente que pra tudo tem dois pesos e duas medidas.
Não me interessa se você carrega chumbo e eu algodão, um quilo vai ser sempre um quilo.
O que eu te falo, tem que ser levado á sério. Minha palavra vai ser a sua bíblia, e meu corpo o teu templo.
Em troca vou te dar o paraíso, cheio de luxúria, lascívia e perversão.
O que eu quero é muito mais do que tudo que você conhece.
Em 27 anos já vivi muitas vidas, já fui santa, profana, puta, estudante, trabalhadora, já dei vida, perdi a minha e me perdi.
O que tenho para dar é infinitamente mais que tudo o que perdi: dar-te-ei os meus ganhos.
A maturidade capaz de rir quando no passado choraria, a busca de agradar-te quando em outro tempo valorizaria apenas minha felicidade.
Quebrar a cara e levantar, sentir na pele, me ensinou a amar melhor, com mais paciência e muito mais ardor, a entender quando necessário, a dar-te o melhor da amante e colo de amiga, e acima de tudo força.
Posso ter meus momentos de vazio, e neles ter pouco para dar, mas podes ter certeza que o que tiver será seu.
Basta me dar tua entrega.
Dela eu vou me alimentar como com Ambrósia, e terás o infinito EM MIM.

NAM MYOHO RENGUE KYO

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Post especial: Depoimento de mãe.


Minha filha me pediu que desse um depoimento-Como se sente à mãe de uma lésbica?
Devo dizer que á princípio quando nascem nossos filhos, nós não os levantamos do berço com orgulho e dizemos: -Este vai ser homossexual!
Não é o futuro que nenhum pai ou mãe deseja para seu filho.
O que desejamos antes de tudo é que eles sejam felizes.
Esse caminho da homossexualidade não é um dos mais fáceis, sabemos que nossos filhos serão discriminados, apontados como “coisas”.
Mas de repente lá vem sua filha com a novidade: -Mãe, eu resolvi sair do armário, sou homossexual.
O que fazer?Você olha aquela criaturinha que você amamentou, cuidou, fez tudo que estava ao seu alcance para que fosse feliz e sente uma pontada no coração.
Você não pensa que ela é diferente, você pensa: Ela vai sofrer.
Quer pegar seu bebê no colo, mas já não é seu bebê, é um ser humano adulto que tem todo direito ao seu próprio sofrimento.
Podemos encaminhar nossos filhos na vida, mas não podemos tirar deles o direito de crescer e aprender com o próprio sofrimento.
Então você olha para seu anjinho e pensa, será que ela vai agüentar?
A pressão, a dor e a discriminação?
Sei que dei a ela o melhor de mim, e que minha garota é uma pessoa integra, não é desonesta, não tem falhas de caráter, é batalhadora e melhor do que muitas pessoas ditas “normais”.
Que mais uma mãe faz quando percebe que seu filho (a) precisa dela?
As outras eu não sei, mas esta aqui apóia sua filha.
Ela não é nenhum macaco de circo que sai fantasiado por aí, e também não esconde quem é.
Outro dia um rapaz da minha rua disse para uma garota que ele paquerava que eu gostava muito dele e que só tinha dito para ela que ele era casado (Coisa que é de fato!) por que eu queria que minha filha se casa-se com ele.
De repente me vi retrucando: É ruim hein garoto?Minha filha é sandálinha e tem namorada!
Acho que estou aceitando bem, não tenho vergonha da minha menina.
Só não gosto quando ela expõe na frente de estranhos alguns detalhes de seus relacionamentos que mesmo se ela não fosse “homo” seria constrangedor.
Vergonha da minha filha?Não. Não tenho mesmo, ela pode ser o que for, mas sempre será minha filha e tenho muito orgulho do ser humano maravilhoso que ela se tornou.
Sim, eu sou a mãe feliz de uma homossexual.





Cássia. (Minha mãe.)

domingo, 21 de novembro de 2010

Hipocrisia


Uma das coisas que me irrita profundamente é a hipocrisia.
Somos criados numa droga de sociedade que impõe valores vindos sabe Deus de onde, provavelmente de antes de Cristo, e somos subjugados a elas, o tempo todo.
Por que somos obrigados a seguir a conduta heterossexual?
Deus só criou homem e mulher, e nem podemos escolher?
Até quando se é gay vem à tendência a ter que ser Butch e Femme, mais masculino e um feminilizado.
E ter que dar satisfações á estranhos? Alguém no trabalho, ou aquela tia velha intrometida: Você não namora?
A vontade é de responder, então, sou lésbica, minha amiga loira que ta sempre comigo, é minha namorada...
No meu caso como sou assumida, ninguém nem pergunta mais nada, mas quando alguém descobre e solta um “nossa, nem parece”, conto até dez e penso na Jolie pra acalmar.
Eu amo meus saltos, vestidos e decotes, e a mesma coisa NELA.
Mulher pra mim tem que gostar de maquiagem, unhas pintadas, ter cheiro de mulher e se sentir a feminilidade em pessoa.
Já tentei sair com uma meio termo, outra butch, mas não tange.
Amo boca de mulher, seios, cabelo tratado e longo, pele macia, o pensamento e a alma.
Não, eu não quero uma mulher delicadinha, eu não sou delicada, sou intensa, gosto de sexo violento e arrebatador, mas pra provocar meu frenesi preciso da essência feminina.
Por gostar de decotes, sensualidade e sexo, a maioria das pessoas chega até mim remitindo,
como se eu fosse uma PUTA, ou precisasse da aprovação de outrem.
A verdade é que sou á favor da banalização da LIBERDADE, se quiser usar couro e vinil no dia á dia, decotes ou corsets, poder andar sem questionamentos.
Quanto á ser prostituta, sou todos os dias enquanto me vendo pra desejos que são da *sociedade* e não meus, quando visto meu jeans e vou á padaria com de vontade de estar de salto, ou quando vou no aniversário da minha tia morrendo de vontade de estar numa boate vendo uma streaper burlesca.
O que me salva é saber que sou lésbica e tenho fome, necessidade de consumir mesmo outra mulher, de comer até saciar o desejo, sem moralismo ou falsos pudores.
Se você não entende isso e me recrimina por aquilo que penso, é por que provavelmente ou é reprimida, ou nunca conheceu o prazer de verdadeiramente *SER*.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Solidão


Ultimamente á mim só resta escrever.
Escrever tem sido a minha rede de proteção para evitar a queda.
Solidão.
E minha solidão se estende á anos, vem me acompanhando desde que me entendo por gente.
Pessoas têm aos montes por aí, e isso é o que realmente incomoda, a solidão em meio á multidão. Às vezes tenho crises de pânico quando me vejo rodeada de gente, e é um pânico emocional que me faz chorar de desespero, não por querer sair, e sim por falta de SENTIR.
Durante um período longo da minha vida eu estive vadia, saindo com mulheres atrás de sentir, apertando corpos em busca de vida e recebendo em troca mais um vão vago.
Sabe o que descobri? Ir na baladénhaaa e beijar as menininhas não fazia de mim uma VADIA, e sim uma VAZIA.
A verdade é que não adianta uma mulher te servir um vinho e segurar a sua mão, isso não vai te trazer nada.
Andar pela rua ao seu lado falando que a vida ta difícil e a inflação ta subindo, também não é dividir nada.
Pra fazer valer a pena tem que QUERER, saber que um bicho tem necessidades e que é preciso capacidade de supri-las.
Se você não agüenta somar, não pode retribuir, tem que trabalhar e não tem tempo para sentir, nem se aproxime.
Eu já senti culpa por ter sido abandonada, já sofri por ser como sou e afundei com esse peso, mas eu me perdoei, á muito tempo, por ter sentido isso.
Doeria mais se eu não fosse.
Eu emergi e carrego meus pesos comigo, e isso faz de mim uma ruiva de perna torneada e seios firmes, além de uma alma forte.
A verdade é que não vou mais permitir que quem não agüenta a vida se aproxime, não sou uma mulher comum e sei que isso cansa. Um dia ela vai levantar e vai embora. E a culpa não vai ser minha, pois quem não tem capacidade para lutar pelo que vale a pena nem deveria sair da cama, quanto mais se aproximar de *MIM*.
Eu não quero uma mulher independente, eu NECESSITO de uma mulher que precise de mim, que me ligue as 4 da madrugada simplesmente por que está com saudades, que queira deitar no meu colo e me falar dela depois de um dia ruim, que ao estar esgotada encontre no meu peito o abrigo e o alimento pra se refazer.
Quero a comunhão de almas, sentir o que corre pelas veias DELA, saber que sou a predadora que vai deixar ela com o corpo dolorido, o coração sobressaltado a cada toque do celular, e a boca seca ao lembrar dos meus lábios.

Hoje estou conformada com a minha vida, sofrendo de aceitação. Eu ainda espero a chegada da mulher maravilhosa que vai desejar minha loucura, implorar para viver sob as minhas regras e sentir prazer em ser MINHA.
Mas se ela não vier, vou continuar tomando meus remédios pra dormir engolindo a solidão, e no dia seguinte vou levantar e cuidar de mim, pois mais uma batalha me espera, e é mais um dia para exceder.