segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Questão de opinião.







Hora de voltar pra casa.



Pego um ônibus, toda arrumadinha, salto, vestido preto de alcinha, faixa empurrando os cabelos para trás, brincos de argola,olhos bem marcados de lápis, rímel e gloss.
Extremamente arrumada, cuidadosamente perfumada, como toda moça quando vai encontrar o namorado, mas com uma diferença: Fui encontrar ELA.
E é isso que penso enquanto aquele par de olhos me encara.
Um par de olhos castanhos que me olham insistentemente, e que eu tenho certeza que estão escondendo uma acusação, mas a boca em linhas finas denuncia.
Aquele cabelinho arrepiado e o cheiro de musk começam a me irritar enquanto ele se mantém parado na minha frente, acho que esperando eu responder mais alguma coisa.
Acabei de sair de uma sessão de cinema após ver uma comédia engraçadissíma, mas todo meu bom humor vai indo pelos ares junto com a fumaça dos carros passando.
“Mas você não parece!” ele repete.
“Mas sou”. Dou uma meia risadinha e viro pro outro lado, esperando que seja o fim da conversa.
Novamente eu me pego de frente com os pré-conceitos (ou seram preconceitos mesmo?) das pessoas.
Se tem coisa que detesto é dar satisfações á desconhecidos, quem não paga minhas contas e se acha no direito de me questionar.
Devo tatuar na minha testa agora minha identidade sexual? Não, acho que não, ou nunca mais arrumo emprego na minha vida.
Só por que sou feminina, não tenho direito á me interessar por outra mulher?
Ou por que sou lésbica tenho obrigação de usar All Star, ter cabelo curto e fazer a linha bofe?
Era só o que faltava agora, “Olha, você é sapata, não tem direito á usar vestidos sexys para não enganar os pobres homens heteros por aí.”
Estou pouco me importando com a opinião de quem quer que seja, nem com o que alguém acha.
E se fosse somente um fora, não seria melhor isso do que um simples SAI PRA LÀ SEU IDIOTA?
Ele mexe no meu cabelo, me estresso, empurro a mão dele, dou sinal e desço um ponto antes do que pretendia só pra não aturar chato de galochas.
A pior parte é tentar ser educada, quando na verdade você não quer assunto nenhum, simplesmente quer sentar no seu lugar no ônibus e ir quieta pra casa curtindo cada risada que você deu ao lado de uma super querida na sala de cinema do shopping mais gay da cidade, ao lado de um outro casal lésbico que também ria do filme.
Por que essa é uma grande verdade que a grande maioria dos héteros ignora. O mundo é Gay.
E eles estão nele.
Na Roma antiga era a coisa mais comum os homens juntos, se comendo.
Hoje é mais normal ainda, a diferença é que mulheres heteros não saem por aí botando pressão até os caras de saco cheio darem um fora falando que são gays.
Mesmo por que é bonito ser macho.(?)
As novelas sempre tem um gay aqui, outro ali, mas quase sempre são mais caricaturas do que personagens.
E após as caricaturas que desfilam pela rua, como bom projeto de macho no melhor estilo Tammy Gretchen que vemos as pencas por aí, nós femmes nem podemos reclamar da descrença de que não somos mitos, ou meras mentirosas momentaneamente desinteressadas em falos.
Mas eu reclamo.
Reclamo da contaminação da mente das pessoas por idéias absurdas.



Reclamo das pessoas invasivas, inconvenientes e intrometidas.
Reclamo do machismo enrustido até mesmo em mulheres.
Reclamo do No sense em geral, e de todas essas situações que acabam com meu humor.

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